Segmento de alta tecnologia em Minas Gerais ganha fôlego com a chegada da SIX Semicondutores
Implantação na Região Metropolitana de Belo Horizonte da mais moderna fábrica do segmento na América do Sul inaugura um novo ciclo na economia mineira. Ocupando uma área aproximada de 160 mil m², empresa começa a funcionar em 2015. Projeto em 3D demonstra como ficará a planta da SIX depois de pronta.
BELO HORIZONTE [ ABN NEWS ] — A implantação em Minas Gerais da SIX Semicondutores, a mais moderna fábrica do segmento sediada no hemisfério Sul, é um fator de peso na estratégia do Governo de Minas Gerais de transformar o estado em referência nacional e mundial no desenvolvimento de novas tecnologias. Voltado para o segmento de microeletrônica, o empreendimento inaugura uma nova etapa na economia mineira.
A iniciativa é resultado de parceria estabelecida pelo Governo de Minas por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) com o Grupo EBX, do empresário Eike Batista. O empreendimento conta ainda com a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da IBM, Matec Investimentos e da empresa Tecnologia Infinita WS-Intecs.
O empreendimento, que demandará R$ 1 bilhão em investimentos, fortalece o trabalho de interiorização do desenvolvimento socioeconômico – contemplando o município de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte – e também abre novas perspectivas para o incremento de pesquisas nas universidades.
Ocupando uma área aproximada de 160 mil metros quadrados às margens da BR-040, a SIX Semicondutores tem previsão de entrar em funcionamento no primeiro trimestre de 2015. Os semicondutores formam a base de vários equipamentos eletrônicos, como computadores, transistores de rádio, gravadores e chips para cartões de crédito e de bancos.
Idealizada há 12 anos pelo empresário alemão naturalizado brasileiro, Wolfang Sauer, a companhia se constituirá numa empresa de base para várias cadeias produtivas que necessitam de componentes de alto valor tecnológico, como eletrodomésticos, automóveis, equipamentos médicos, cartões inteligentes, sensores, controladores remotos e empresas que atuam na área de gestão de energia, sendo que 50% desta produção podem ser exportados.
No local, será desenvolvida tecnologia 100% brasileira para design e fabricação de circuitos integrados de semicondutores. A escolha de Ribeirão das Neves para sediar a SIX Semicondutores levou em conta aspectos técnicos, como a proximidade do aeroporto de Confins e da BR-040, uma das mais importantes rodovias do país. Outro fator considerado importante é a perspectiva de contribuir com o desenvolvimento socioeconômico da cidade e do Vetor Norte da RMBH, por meio da geração de novos negócios, postos de trabalho e impostos.
Segundo a SIX, serão selecionados, para atuar na empresa, profissionais com formação em física, química, eletrônica, biotecnologia e mecânica. Quando totalmente instalada, a previsão é que sejam gerados 300 empregos diretos e mil indiretos.
Parceria com a IBM
Na área de sistemas e informática, a multinacional americana IBM foi escolhida como parceira tecnológica da SIX por sua liderança mundial no desenvolvimento e manufatura das mais avançadas tecnologias de informação da indústria, incluindo sistemas de computadores, softwares, sistemas de rede, dispositivos de armazenamento e microeletrônica.
“É algo que perpassa por todo o segmento industrial e se constituirá na primeira fábrica de grande porte do Brasil neste setor”, comemora o diretor de negócios para o setor privado do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Fernando Lage de Melo.
O executivo entende que a empresa coloca o estado numa situação tecnologicamente privilegiada no cenário internacional. Isso porque além do investimento que será feito na capacitação de profissionais já residentes no estado, especialistas estrangeiros também passarão a residir em Minas. “Estes especialistas trarão ampla gama de conhecimentos, que contribuirão com a capacidade de inovação dentro do Estado”, explica.
A expectativa de Fernando Lage é que o avanço tecnológico proporcionado com a implantação da SIX provoque também a introdução de mudanças na grade curricular dos cursos de engenharia existentes no estado, visando à formação de profissionais para atender à demanda de empresas que passem a integrar a cadeia produtiva da SIX ou que passem a utilizar seus produtos fabricados em Minas Gerais.
Boas perspectivas para o ensino e a pesquisa
Doutor em física pela Universität Duisburg, da Alemanha, o professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wagner Nunes Rodrigues,concorda que um empreendimento do porte da SIX Semicondutores pode atuar como um polo irradiador que favorece um ambiente industrial e universitário de alta tecnologia, especificamente no setor de microeletrônica e outras microtecnologias no estado.
“A criação de empreendimentos como este é muito oportuna, visto que no Brasil a indústria de semicondutores é praticamente inexistente. Não se trata de procurar autossuficiência em microeletrônica, mas ser um ator no mercado”, ressalta o professor.
Na opinião de Wagner Rodrigues, a expectativa é que a SIX atraia as universidades brasileiras, em especial as mineiras, para perto do projeto. A SIX Semicondutores confirma que, por meio das secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), serão firmadas parcerias com instituições de ensino superior para a formação de mão-de-obra especializada.
Inicialmente, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet) e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) foram as instituições identificadas como potenciais parceiras da empresa.
Na UFMG, os estudos com materiais semicondutores e processamento de dispositivos já existe há 25 anos e, na avaliação do professor do Departamento de Física, certamente a experiência da Universidade poderá contribuir para as atividades da companhia. Wagner Rodrigues revela que, em parceria com o Governo de Minas, um grupo de cientistas da UFMG pretende implantar na Região Metropolitana de Belo Horizonte um Centro de Micro e Nanotecnologias (CMINAS).
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