Alfaiate sírio encontra demanda em campo de refugiados no Iraque
Diar com o equipamento que conseguiu carregar trabalha no campo de refugiados de Domiz, no norte do Iraque
Por Mohammed Abu Asaker no Campo de Refugiados de Domiz, no Iraque.
Campo de Refugiados de Domiz, IRAQUE [ ABN NEWS ] — Na maioria das vezes os refugiados deixam sua casa apenas com a roupa do corpo, e geralmente dependem de ajuda humanitária para sobreviver, seja da solidariedade das comunidades de acolhida, da ajuda do ACNUR e seus parceiros.
Mas para o sírio Diar,[*] de 32 anos, apesar do exílio de sua terra natal, ele teve oportunidade de alcançar autossuficiência e independência financeira. Apenas dois meses depois de ter chegado ao campo de Domiz, em julho de 2012, o rapaz abriu sua própria alfaiataria, que atende tanto os refugiados sírios que vivem no campo quanto a clientela da comunidade local. Originário de Al Hassakeh, no nordeste da Síria, Diar por muitos anos teve seu próprio negócio em Damasco.
“Tenho quatro irmãos e irmãs”, disse enquanto arrumava camisas de um cliente em sua pequena loja. “Sou o mais velho e tenho muitas responsabilidades. Eu tinha conseguido abrir meu próprio negócio na Síria e estava feliz. Ajudava meus irmãos e irmãs mais novos a ir para a escola, tinha orgulho disso”, afirmou Diar.
“Presenciei bem de perto duas explosões em Damasco. Por sorte sobrevivi. Mas não dava mais para continuar lá, foi preciso deixar a cidade para proteger a mim e a minha família. Deixei a Síria com toda minha família, mas consegui trazer meu equipamento para o campo, então posso ajustar e passar roupas”.
Diar e sua família estão entre os 60 mil refugiados sírios que chegaram na região do Curdistão iraquiano desde que o conflito na Síria começou, em março de 2011. Aproximadamente 31 mil sírios vivem em Domiz.
Em setembro do ano passado, o alfaiate usou o espaço destinado à sua família no campo para abrir sua loja de oito metros quadrados. O pequeno negócio logo engrenou. “O ACNUR nos forneceu acomodação e nos ajudou a conseguir eletricidade para tocar a loja”.
Rashid,[*] de 18 anos, está em Domiz há quatro meses. Ele é um dos satisfeitos clientes de Diar. “É mais barato consertar minhas roupas aqui do que fora do campo”, disse Rashid enquanto esperava Diar terminar de ajustar duas calças. “O trabalho de Diar é de melhor qualidade. Já usei seu serviço outras vezes, ele é um ótimo alfaiate”.
A clientele de Diar expandiu e agora inclui muita gente da comunidade local. Shada, de 53 anos, mora na vizinhança de Domiz e esteve recentemente no campo para pegar dois vestidos feitos por Diar para suas duas filhas. “Gosto muito do trabalho dele”, disse ela. “É a terceira vez que venho aqui, Diar é muito talentoso. Além disso pago metade do preço se comparado aos alfaiates da região. Já indiquei seu trabalho para outras conhecidas do bairro”.
O aumento da abertura de pequenos negócios está aquecendo a economia do campo e ajudando a diminuir a pressão sobre as agências, que têm suprido praticamente todas as necessidades dos refugiados. Este fenômeno também proporciona um senso de comunidade à vida no campo. Diar, por exemplo, consegue ganhar entre US$ 15 e US$ 20 por dia, o que o possibilita sustentar sua família.
“O fato de o ACNUR ter me dado um lugar para viver e eletricidade para tocar meu negócio me permite oferecer preços mais baixos aos refugiados e clientes que vem da comunidade fora do campo”, disse Diar, sorrindo satisfeito enquanto atendia um de seus clientes (ACNUR).
[*] Nomes trocados por razões de proteção.
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